Minicurso/Oficina 17 – PRÁTICAS DE LEITURA LITERÁRIA NO CONTEXTO PSICOPOLÍTICO DO PRESENTE
PRÁTICAS DE LEITURA LITERÁRIA NO CONTEXTO PSICOPOLÍTICO DO PRESENTE
Ministrante: Camila Franquini Pereira (UFRJ)
Modalidade: à distância
Link de acesso: https://meet.google.com/nhs-oaio-jky
Data: 01 de setembro de 2023
Horário de MS: 13:00hs – 15:00hs
Horário de Brasília: 14:00hs – 16:00hs
Resumo:
Desde as considerações de Antonio Cândido sobre a Literatura e os Direitos Humanos (CANDIDO, 2011, p. 188), reconhece-se a importância da ficção na formação dos seres sociais e de cultura. Questionamo-nos, porém, como o caráter humano dos sujeitos se desenvolverá no contexto de privação da capacidade de narrar, que se observa no tempo presente (HAN, 2014, p. 84). Como, diante de um projeto psicopolítico que privilegia não mais o controle do corpo indócil do trabalhador, mas dos sonhos e dos desejos, em que “é mais fácil imaginar o fim do mundo do que o fim do capitalismo” (FISHER, 2020), poderá existir ensino de Literatura? Focalizando o contexto da educação brasileira, observa-se o abandono da leitura das obras literárias em prol dos resumos e das listas, porque o ensino é focado no sucesso nos vestibulares e nas provas escolares (CECHINEL, 2020, p. 20-21). Aliada a essa lógica está a Base Nacional Comum Curricular (BRASIL, 2018), em que, por razões neoliberais disfarçadas de formação cidadã (TÍLIO, 2019, p. 15), nomes de autores, movimentos ou obras literárias são abandonados para dar lugar à interação entre o “artístico-literário” e o “tecnológico-midiático”. Diante desse cenário, não é incomum encontrar professores, formados ou em formação, que se sentem despreparados para trabalhar com a Literatura como disciplina escolar, reconhecendo seus objetivos, metodologias e conhecimentos específicos. Considerando esse cenário, este minicurso objetiva pensar o lugar do professor na proposição de caminhos possíveis para a formação do leitor literário na escola de hoje. Para isso, será proposta inicialmente uma discussão acerca da importância do estudo de Literatura a partir de Freire (1981), Candido (1988), Todorov (2009) e Amorim et. al. (2022). Em sequência, traçaremos considerações sobre o contexto presente com as leituras de Cabanas e Illouz (2022), Byung Chul-Han (2014; 2017) e Mark Fisher (2020) para, assim, compreender sob que ideologia a BNCC é estruturada. Considerando-a insuficiente para um ensino de Literatura que tenha, de fato, espaço para a ficção, firmaremos como princípio a relação texto-leitor, ou seja, o enfrentamento do texto pela via da experiência (COELHO, 2021). Assim, há base para discutirmos a seleção de obras literárias, o momento de leitura em sala de aula e formas de avaliação adequadas para a construção e/ou atualização crítica e coletiva das leituras, valorizando a sua dimensão literária, em diálogo com as narrativas individuais dos alunos. Ao final, apresentaremos exemplos de práticas de Leitura Literária que valorizam a dimensão texto-leitor.
Palavras-chave: Psicopolítica; Leitura Literária; Relação texto-leitor